Monteiro Lobato

13/08/2012 16:02

 

Monteiro Lobato

 

            Principais obras:

 

1)      Urupês

 

Livro de contos que abordam a vida quotidiana e mundana do caboclo, através de seus costumes, crenças e tradições. O livro é resultado da experiência de Lobato como fazendeiro no Vale do Paraíba. Quase todas as histórias são passadas na cidadezinha de Itaoca, interior de São Paulo e, geralmente, tem final trágico com algum elemento cômico. O último conto, Urupês, apresenta a figura de Jeca-Tatu, o caboclo preguiçoso e indolente.

Jeca-Tatu tornou-se um dos personagens mais famosos de Monteiro Lobato. Símbolo do atraso e da ignorância do homem rural paulista, Jeca-Tatu continua “sempre de cócoras enquanto o Brasil esperava por ele”, mesmo habitando um dos locais mais férteis do país (o Vale do Paraíba). 

Após tantas críticas à indolência do caboclo, Monteiro Lobato se vê obrigado a pedir perdão aos caboclos e atribui a culpa dessa ‘preguiça’ ao sistema econômico brasileiro, que centraliza o poder financeiro nas mãos de poucos homens, e os milhões de “jeca-tatus” acabam pagando a conta...

 

*Urupês designa um ‘parasita que vegeta no oco da madeira’, referência ao caboclo “que vegeta de cócoras”.

 

2)      Cidades Mortas

 

Em Cidades Mortas a língua ferina de Monteiro Lobato ataca o marasmo político-econômico-literário de seu tempo. Cada conto descreve personagens brasileiros típicos, situações engraçadas e comportamentos diversos. 

Numa espécie de crônica ou ensaio, num tom entre irônico e saudosista, Lobato delineia o espaço de sua obra: o norte paulista do vale do Paraíba, “onde tudo foi e nada é: não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito. (...) cidades moribundas arrastam um viver decrépito. Gasto em chorar na mesquinhez de hoje as saudosas grandezas de dantes”. É, portanto num cenário de decadência representado por ruas ermas, casarões em ruínas e armazéns desertos, que o livro introduz o leitor, fazendo-o acompanhar de um ponto de vista irônico figuras igualmente decadentes de homens e mulheres.

 

3)      O Sítio do Pica-Pau Amarelo

 

“Não será mentindo às crianças que consertaremos as coisas tortas”, dizia Lobato, defendendo-se das críticas que diziam que seus livros eram subversivos e deformadores da moral infantil. Por essas críticas, vários livros infantis de Monteiro Lobato foram proibidos nas escolas.

A resposta a todas essas violências cometidas contra o mundo pacífico do sítio vem da boca da Emília, que encarna os pensamentos do seu criador: “O segredo, meu filho, é um só: liberdade. Aqui não há coleiras. A maior desgraça do mundo é a coleira. E como há coleiras espalhadas no mundo”.

O espaço rural do sítio assume características de utopia: nele não tem lugar o autoritarismo e as sequelas da escravidão e do latifúndio são resolvidas pelas carismáticas figuras da tia Nastácia, do tio Barnabé e do compadre Teodorico.

No espaço mágico do sítio, tudo é possível e transitório.